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12 setembro, 2011

Segundas Chances...




Pense você, vindo de batalhas, cansado de fugir dos seus inimigos e morrendo de medo de encontrar com eles no meio do caminho da fuga. Pense você com crises desde o dia do seu nascimento. Sem entender a atitude dos seus pais, dos seus irmãos, sem saber ao certo o seu lugar no mundo, sem saber se o que você vive é realmente seu ou não. Pense em você rodeado por pessoas, e mesmo assim sozinho. Pense em você lutando por um pedaço de terra (ou de qualquer coisa), e nos seus ombros a sensação de ser mais um ladrão do que um merecedor. Pense em culpa misturada com crise existencial e uma busca por identidade que faz de qualquer pessoa um fugitivo. Era a essa situação há muito tempo atrás. Aconteceu com um homem chamado Jacó, e também é essa a situação atual. Acontece a todo instante, com pessoas como eu e você.

Mas um dia, Jacó se deparou com uma situação: a história conta que ele não tinha nada ou ninguém ao seu lado. Diz que “ele havia passado tudo o que era seu e ficado só”, então, no meio da noite, veio um homem do nada e começou a brigar com ele. Eles brigaram a madrugada inteira, até amanhecer. E quando finalmente amanheceu o homem disse “me deixe ir”, mas Jacó disse “não vou deixar você ir, se você não me abençoar antes”, porque a vida dele estava tão sem sentido que ele precisava de alguma coisa nova, vinda de alguma pessoa que não fosse ele mesmo. Jacó precisava uma chance, e se você estivesse no lugar dele, com certeza também brigaria por isso, não? Aliás, esse é você?

Fugindo de tantas coisas, deixando que tantas outras passem até que você fique só, porque na real você sabe muito bem que o que você vê não vai mudar muito? Esse é você? Brigando de noite, enquanto todo mundo dorme, enquanto o mundo se retira você entra no ringue, e sem saber muito bem pelo o que está lutando, você só sabe uma coisa: não vai dar pra continuar a caminhada se alguma coisa não acontecer essa noite! Você também precisa de uma chance?

Jacó queria dizer tudo isso com aquela briga. Cada unhada e puxão era um pedido de socorro. Cada golpe uma busca por compreensão. E quando o outro homem entendeu isso, ele disse: “Você não vai mais se chamar Jacó. Esquece teu nome antigo, eu vou te dar outro nome porque como um príncipe você lutou com Deus e com os homens, e você prevaleceu”. Espera um pouco. Com Deus? Jacó lutou com Deus? Como assim lutar com Deus, e como assim mudar o nome? O que tem a ver uma coisa com a outra?

Bom, é aqui que a briga fica quente: quem diria que o próprio Deus estaria metido nessa aparente confusão?

Se você tem brigado com Deus, e pedido uma nova chance, entenda o “novo” em todos os sentidos. Comece a pensar no improvável. Esqueça o jeito velho de pensar. Comece a aceitar que a sua identidade antiga, tão conhecida como o triste, o mimimi, o fugitivo, o encrenqueiro, o infeliz, o problema, o orgulhoso, o ladrão, podem estar com os dias contados. Pode ser que esteja na hora de ser chamado de outra coisa. Pode ser que chamaram você de tantas coisas e nenhuma delas seja realmente você. Uma nova chance envolve uma evolução que precisa existir dentro de você. Quem sabe, o que não fazia sentido faça agora.

Talvez, lutar com Deus seja um absurdo pra muita gente, mas pra você é nítido: perder a presença, deixar que ela se vá, são motivos perfeitos para agarrar e implorar que Deus não se vá da sua madrugada fria. E ainda mais libertador do que isso tudo, é a seguinte verdade: talvez, só hoje, você tenha descoberto Deus no meio das suas brigas internas. Talvez esse nó, esse choro desenfreado ou essa falta de choro, ou essa irritação, ou essa ansiedade, ou essa violência, ou essa dor, estejam durando a madrugada toda, porque falta na sua boca o inconformismo mais sincero que alguém já falou pra Deus: “olha Deus, você está vendo o meu estado? Tá entendendo o meu desespero? Tá sentindo meus músculos tensos e o meu fôlego inconsolável? É porque eu preciso de uma chance, e não vou abrir mão disso até você fazer alguma coisa comigo”.

É engraçado ver como muitas vezes nós nos relacionamos com Deus, né? O que é espiritual é espiritual, limpinho e ensaiado. E o que é da sua conta, você mesmo resolve e faz o trabalho sujo. Mas até quando a gente vai conseguir ter esses dois empregos? Não seria mais fácil misturar tudo, porque afinal de contas, você é uma pessoa só? Jacó tinha um desespero, uma angústia, mil perguntas. Mas ele não preocupou-se muito com o ritual. Ele se entregou na busca. Ele sujou a roupa, ele se atirou nisso, ele deve ter alargado a gola da camiseta, ele se cansou com isso. Ele decidiu que aquela chance era dele.

Talvez sua cara esteja muito limpa. Talvez você precise se derramar mais, sujar os joelhos, olhar para as suas mãos e ver que elas estão sujas, e brigar para que elas fiquem limpas. Você sabe quem pode limpar suas mãos, e também sabe que é uma guerra limpá-las. A luta está armada. Falaram mal de você, falaram o que você não é? Você mesmo tem sido essa pessoa, tem se traído, tem se achatado, tem se perdido no meio da organização mentirosa e da falsa vidinha politicamente correta? Tente partir pra briga de verdade. Não só nas palavrinhas de uma oração hipócrita. Rasgue-se. Deus mora no inconformismo, no novo, nas guerras que inevitavelmente você travará, porque precisa evoluir.

Lute por algo que seja maior do que um nome. Lute por uma experiência. E se preciso, lute a noite inteira. Não há como ver Deus tão de perto !!!

Fonte: Umpontoum by Luciana Elaiuy

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